sábado, 26 de maio de 2012

COMEÇAM FESTEJOS DO DIVINO ESPÍRITO SANTO 

DE 2012, no Maranhão .

Por: José de Mário Moraes Ferreira








São Luís e Alcântara iniciam nesta quarta-feira (16) os festejos do Divino Espírito Santo, no projeto Divino Maranhão 2012, promovido pelo governo do estado e realizado com apoio da secretaria de estado da Cultura (SECMA) por meio da Superintendência de Cultura Popular e Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (CCPDVF) que dão suporte para a realização de mais de 190 festas de 30 municípios maranhenses.

Com o tema “Quatrocentos Toques para o Rei Menino”, em homenagem às comemorações do aniversário de 400 anos da cidade de São Luís, o Divino Maranhão abre os festejos com o Levantamento do Mastro do Divino, em São Luís na Casa das Minas, Casa de Nagô e Terreiro do Justino (Vila Embratel) e em Alcântara (MA). O projeto Divino Maranhão de 2012 desenvolverá uma vasta programação de atividades com procissão de caixeiras, exposições, oficinas temáticas e de toques de caixas, confecção de comidas e doces típicos da festa, ladainhas, Missas e encontros.

Na quinta-feira (17) a programação acontecerá às 9h com Festa da Ascenção em Penalva (Corrida) e Missa Solene em Alcântara, na Igreja do Carmo com participação da Corte do Império do Divino e, em São Luís, às 18h Missa na Igreja S. Pantaleão com participação de membros e dos Impérios da Casa das Minas e da Casa de Nagô, com coroação do Divino.

No Domingo da Ascenção, também conhecido por Domingo do Meio, na cidade de Alcântara haverá às 9h Missa e Cortejo da Corte do Império pelas ruas da cidade em visita às casas dos festeiros (Imperador, Mordomos e Mordomas).

Nos dias 23 e 24 (quarta e quinta-feira) a partir das 8h a programação terá em São Luís visita dos Impérios na Casa das Minas, Casa de Nagô e Igreja de São Benedito. O último domingo da festa, no Domingo de Pentecostes, às 8h a cidade de Alcântara participa da Missa da Festa na Igreja do Carmo. Em São Luís membros participantes da Casa das Minas assistirão Missa na Igreja de Santana e os da Casa de Nagô na Igreja do Rosário.

Na segunda-feira (28) às 16h em Alcântara e nas Casas das Minas e de Nagô será o Derrubamento do Mastro e Fechamento da Tribuna, com anuncio dos festeiros do ano de 2013 e na terça-feira (29) o Carimbó, Ladainha de Encerramento e apresentação de Tambor de Crioula fecham a programação do Divino Maranhão 2012.

Texto: Mario Ferreira (Ascom.Secma)
Foto: Divulgação

sexta-feira, 27 de abril de 2012


Jogos comemoram semana dos povos indígenas

Neste fim de semana, oito aldeias se reúnem para competir e celebrar

Descrição da imagem
Encontro reúne oito aldeias


Corrida do maracá, cabo de guerra, arco e flecha, e outras modalidades se reúnem na terceira edição dos Jogos Indígenas de Petrolândia, no Sertão de Itaparica, em Pernambuco. Sábado e domingo, dias 28 e 29/4, oito aldeias participantes comemoram a semana dos povos indígenas.

O evento, que já faz parte do calendário festivo da cidade, acontece na Aldeia Barrocão do povo Entre Serras Pankararu, entre as 8h e as 17h no final de semana. Os atletas são os guerreiros e guerreiras mais fortes, escolhidos para representar sua aldeia. Como prêmio, os participantes recebem troféus confeccionados pelos próprios anfitriões.

Depois das competições, os indígenas Entre Serras Pankararu e outros povos convidados se juntam para os rituais. Cada povo apresentará seus torés, cantos e suas pisadas. Segundo Ubirajara Barbosa, articulador dos jogos, o evento reúne velhos, adultos e crianças. “São dias muito importantes para gente comemorar e também fortalecer o movimento indígena”.

Promovido pela Secretaria de Assuntos Indígenas de Petrolândia, o evento conta também com o apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult/PE), da Funai e da Apoinme.



http://www.fundarpe.pe.gov.br/jogos-comemoram-semana-dos-povos-indigenas
 

terça-feira, 27 de março de 2012

Vivência com Zé Lopes


Vivência com Zé Lopes

Foi realizada, no final de Janeiro de 2012, uma vivência com Zé Lopes, bonequeiro(que faz bonecos) e mamulengueiro (que manipula bonecos) de Glória do Goitá, Zona da Mata de Pernambuco. Nesta vivencia foram 11 dias de convivência com a família composta por Zé Lopes (61 anos), Neide (35 anos e esposa de Zé Lopes), Cida (22 anos e filha mais velha), Larissa (15 anos filha do meio) e Julinha (2 anos filha mais nova).



                                                                       Chapéu de Zé Lopes


O universo do Mamulengo esta presente na relação familiar uma vez que toda a família participa de algum processo do trabalho com os bonecos. Zé Lopes produz os bonecos com madeira Mulungu (leve e macia), usada também na produção de cercas nas fazendas da região, “por isso nunca falta”.

Neide trabalha com o marido a 20 anos e colabora no acabamento das peças e no auxilio a Zé Lopes nas apresentações de Mamulengo. Segundo seu Zé ela é a “inspeção de qualidade” dos bonecos, dá o acabamento melhor do que ele.

Cida, a filha mais velha colabora com a pintura dos bonecos, pinta camisetas com temas do Mamulengo e também toca Zabumba "quando o Zabumbeiro falta..."



                                                                                Cida e Neide 


No processo de produção Zé Lopes cria os bonecos e também elabora a mecânica dos mesmos e de instalações com movimento, como a  “Casa de Farinha” que foi produzida para uma produtora de Recife para ser enviar para uma exposição na Holanda. Neide, Cida e outros integrantes da família como Maria, Graça e Tarcisio realizam o acabamento das peças que compreende em lixar, passar massa e pintar. Depois de pronto os bonecos são comercializados ou usados nas apresentações.




                    Zé Lopes na produção de “Janeiro”


















Peças em acabamento


















                                                   Neide pinta prensa da “Casa de Farinha"






                                              Neide e Zé Lopes



Nas apresentações do “Mamulengo Teatro do Riso”, seu Zé é a figura central do espetáculo, fica dentro da barraca manipula os bonecos, conta as histórias, canta as músicas, dialoga com o público e com “Catirina” personagem que media a relação dos bonecos com o público e se intromete nas histórias.  É feita por Larissa que disse que gosta de estar na frente do público.
Fora da barraca além de Catirina que toca Triangulo e canta, também ficam o Sanfoneiro “Neco” e o Zabumbeiro “Luciano ou Cida”. Seu Zé possui todos os instrumentos usados nas apresentações e outros como Pandeiro, Ganzá, Bateria e também mesa e caixas de som. Os ensaios com a banda são realizados semanalmente . Foram acompanhados dois ensaios dos quais Larissa tocou  Pandeiro e Ganzá com o grupo.













Apresentação em Limoeiro, Janeiro 2012. Homem curioso se aproxima da barraca.









Apresentação em Limoeiro, Janeiro 2012. Larissa incorpora “Catirina” e brinca com os bonecos.




Julinha, a filha mais nova, possui o privilégio de viver no mundo encantado do Mamulengo, mas vive um dilema pois tem que lutar contra a vontade de brincar com as peças produzidas, muitas vezes encomendadas. Seu Zé faz questão que ela participe dos ensaios da banda onde ela brinca de cantar, tocar Pandeiro, Bateria e Zabumba.  Julinha chora e ri ao mesmo tempo, fala que ama seus familiares e quer servir sua própria comida. Quando ela acorda desliga o ventilador e chama por Larissa, que cuida muito bem da irmã.  


            
                                         Julinha




                                         Larissa  Isidoro Serradela e Julinha



Segundo Zé Lopes o Mamulengo é a “mão molenga” que manipula  os bonecos.  Ele se apropria de personagens e histórias que tradicionalmente são contadas, como por exemplo os bonecos : Simão, Janeiro, Quitéria, dentre outros. Também cria novas histórias e músicas que são inspiradas em seu cotidiano.



 “Simão” empregado de confiança do Coronel





“Quitéria”


Zé Lopes com “Janeiro” “Janeiro vai Janeiro vem feliz daquele que Deus quer bem”. 
Canção deste personagem.



Zé Lopes conta que quando criança os mamulengueiros não permitiam que as crianças e pessoas entrassem dentro das barracas e tão pouco sabiam a história de origem desta manifestação e material utilizado para a produção dos bonecos. Ele disse que aprendeu sozinho, indo atrás dos bonequeiros, pesquisando materiais e decorando as histórias e músicas. Também ser mamulengueiro era sinônimo de ser “malandro” consumir álcool,  por isso sua mãe não queria apoiá-lo. A mesma vendia bolo de mandioca para completar a renda familiar uma vez que sustentou três filhos sozinha porque perdeu o marido quando Zé Lopes completou 4 anos.

  Hoje Zé Lopes é um mamulengueiro conhecido e conceituado em seu ofício.  Já viajou para a Europa  e todo o Brasil por meio do trabalho com os bonecos e é referencia em Pernambuco conseguindo  tirar o sustendo de sua família com este trabalho.




Nesta vivência além de aprender e  fazer dois bonecos indígenas, também foi possível colaborar na produção da instalação da “Casa de Farinha” e produzir um vídeo sobre Zé Lopes e seu trabalho .




  Larissa Isidoro Serradela com os bonecos produzidos por ela, Zé Lopes e Neide apresentam bonecos e “Casa de Farinha”.








Contato:


tel: (81) 9257-7792
       (81) 9610-0701
       (81)  9760-3451


domingo, 25 de março de 2012

 Festival Pernambuco Nação Cultural 

Zona da Mata Norte 2012


        A cidade de Goiana rica em manifestações como cavalo marinho, maracatus, mamulengos, entre outros brinquedos populares será o principal pólo do Festival Pernambuco Nação Cultural da Zona da Mata Norte. O reconhecimento e a consagração destas tradições têm como principal vitrine a primeira edição do ano 2012 que acontecerá de 26 de março a 1° de abril. Goiana e toda Mata Norte irão sediar um dos maiores encontros de cultura popular do estado. O Festival compreende mais 18 cidades da região: Aliança, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, Chã de Alegria, Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Itaquitinga, Itambé, Lagoa de Itaenga, Lagoa do Carro, Macaparana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém e Vicência. O investimento no FPNC da Mata Norte, realizado através da Secretaria de Cultura, Fundarpe e com apoio de todas as prefeituras da região, é de pouco mais de R$ 1 milhão.

        Com uma distância média de 60km de Recife, as cidades da Mata Norte estão preparadas para receber os visitantes. Eles poderão conferir shows, encontros de mestres de mamulengo, maracatu, cavalo marinho, literatura, audiovisual e um grande encontro de caboclinhos, que acontece no dia 1° de abril. Os shows acontecem em dois palcos um no centro de Goiana, da quinta-feira (29) até o sábado (1°), na Rua da Baixinha que será o endereço para uma mostra de artistas e grupos ligados aos gêneros musicais nordestinos, mas também à música pop e experimental. E o outro palco está sendo montado no distrito de Nova Goiana. No local, apresentarão grupos ligados às tradições da Mata Norte. Na sexta-feira, mostra de coco de roda com Coco de Catolé, Coco de Pareia e Coco da Vanda. No sábado, apresentam-se a Ciranda do Rosildo, Mestre Ferrugem, Coco de Sebastião Grosso e A Matinada. 
        Além dos shows, encontros e espetáculos, a programação do festival reserva um evento especial de literatura e 52 ações de formação cultural, entre oficinas, palestras e workshops.

       Depois da Mata Norte, o Pernambuco Nação Cultural já tem parada certa. O Festival do Sertão do Moxotó levará para Arcoverde e demais cidades da região, de 9 a 14 de abril, mais uma mostra da diversidade da cultura pernambucana.

       Confira toda a programação no site da Fundarpe, disponível no link abaixo:

     http://www.fundarpe.pe.gov.br/programacao-fpnc-mata-norte-2012
 

sexta-feira, 9 de março de 2012

"A noção de patrimônio imaterial 
se constituí a partir de uma teia complexa 
de manifestações, saberes e fazeres, 
através dos quais grupos ou nações 
expressam suas identidades"
 Sendo eles sujeitos a constantes e permanentes mudanças...
"Como 'preservar' bens intangíveis, 
quando os mesmos estão sujeitos 
a tantas transformações?" 

(P.16 e 17 do Livro: "Tradições e traduções: a cultura imaterial em Pernambuco"/
organização Isabel Cristina Martins Guillen- Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2008)

quinta-feira, 8 de março de 2012


O Coco do Amaro Branco

A comunidade do Amaro Branco constituída por dois mil habitantes, localizada ao lado do sítio histórico de Olinda, próxima ao mar realiza a mais de 100 anos, o Coco do Amaro Branco. 






A comunidade em sua maioria é composta por pescadores, ela se reuni no último sábado de cada mês para realização do Coco que foi tema do documentário “ O Coco, a Roda, o Pnêu e o Farol” de Mariana Brennand Fortes, ganhador do prêmio “Gilberto Freire” em 2007.



Também possui 2 Cds, o primeiro “Coco do Amaro Branco” e o segundo “Coco do Amaro Branco V.II”, sendo este o registro de artistas que são memória viva da comunidade, como: Ferrugem, Ana Lúcia e Dédo.

                
Vídeo do Making of do cd. Volume II

"Amaro Branco-Retratos", 
no Museu da Abolição em Recife, de autoria do fotógrafo Emiliano Dantas que apresentou registros dos brincantes da comunidade.

A comunidade possui o Centro Cultural Coco do Amaro Branco fundado por Isa Melo.

Para maiores informações sobre os mestres e apoiadores da comunidade consulte o blog criado por eles em: www.amarobranco.blogspot.com




 Abaixo a descrição dos mestre da comunidade e retratos feitos por Celso Perreira Júnior para o filme 
“ O Coco, a Roda, o Pnêu e o Farol”





Ana Lúcia
Discípula da já falecida Dona Jovelina, começou a cantar coco no Amaro Branco aos 17 anos. Lider cultural no bairro, organiza o Pastoril Estrela de Belém e a procissão do Acorda Povo.



Mestre Dédo

Aprendeu o coco em casa com os irmãos que animavam rodas de coco no Amaro Branco. Tem a pesca como ofício e passa em média 20 dias por mês no mar, sua maior fonte de inspiração.





Ferrugem

Teve como mestre o coquista Mané Farias. É marceneiro e carpinteiro. Assim como Ana Lúcia, também começou nas rodas de coco aos 17 anos. Toca pandeiro e é bom no improviso de versos.


Dona Glorinha
crédito da foto: Emiliano Dantas
A mais antiga coquista do Amaro Branco é considerada memória viva do coco no bairro. Aprendeu as primeiras canções com sua mãe, Maria Belém, também coquista de muita tradição.




Montinha Filha de pescador, também cresceu cantando nas rodas do Amaro Branco. Após uma longa pausa em virtude de problemas de saúde, voltou ao coco de roda com toda motivação.

Pombo Roxo Aprendeu a dancar e cantar coco ainda criança, em casa com seus pais. Tem registrados mais de 200 cocos de sua autoria. Além de coquista, Pombo Roxo é também babalorixá.

Lú do Pnêu É presdiente da organização do Coco do Pnêu, tradição iniciada por seu pai. Aprendeu o coco com os demais mestres de hoje e é o principal coquista da nova geração no Amaro Branco.

Beth de Oxum Percussionista, cresceu no Amaro Branco. Já rodou o Brasil e o mundo tocando coco, ciranda, afoxé e maracatu. Hoje coordena projetos de pesquisa e valorização da cultura regional.

crédito da foto: Emiliano Dantas



D. Ritinha da garrafa, única que mantem a tradição de dançar com a garrafa equilibrada na cabeça. Foto de Emiliano Dantas. 




No dia 29 de Junho, dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores é realizada uma celebração em homenagem a este santo de devoção da comunidade. A festa  inicia com uma procissão a beira-mar e finaliza com o Coco do Pneu, coordenado há 18 anos por Lú do Pneu, manifestação que foi e iniciada por Ivo Janoca (seu pai). 


Festa do Coco do Pneu


imagem do filme 

“ O Coco, a Roda, o Pnêu e o Farol”


Há 25 anos atrás Ivo Janoca pescou um pneu de avião, na Praia do Janga e o levou para a comunidade e o instalou debaixo de uma árvore para usar como banco no local onde os coquistas se reuniam para beber, conversar e fazer o Coco.  Tal objeto originou o nome do Coco do Pneu.

Segundo Magdalena Almeida os indivíduos que realizam o Coco constroem e reconstroem suas memórias sendo estas acontecimentos em movimento qualificando a tal manifestação como ritual, ela o destaca como:

o lugar de lembrança e de esquecimento: como lugar de escolhas e espaço de convivência, onde o encontro da comunidade acontece, dando lugar à alegria, que parece ser mais do que o dançar ou cantar: é uma celebração à própria existência”. (P.169 "Samba de Coco é Brincadeira e Arte")





No Coco do Amaro Branco a comunidade se reuni ritualmente todo o mês e celebra junto com visitantes e amigos. A cada momento um mestre puxa um Coco e as pessoas se revezam para tocar os instrumentos que são: ganzá, alfaia e pandeiro. A música alimenta a dança e faz a sambada durar a noite toda, com inicio às 22h e termino ao amanhecer do dia. Algumas pessoas da comunidade aproveitam para vender bêbidas e caldinhos, mas também é possível beber sem pagar em função de um filtro de barro cheio de cachaça que é disponibilizado pela  comunidade. 


Sambada de Coco no Amaro Branco, mestra Ana Lúcia canta, 
D. Ritinha equilibra a garrafa e coquistas.foto de Anísio Silva.


Contatos:

Ana Lúcia
8731-4852 (Eunice mirela)

Isa Melo
(81) 9977-5297

Mariana Brennand Fortes
(81) 3484-7278