Mestre Vitalino
Vitalino Pereira dos Santos (Ribeira dos Campos, Caruaru PE 1909 - Alto do Moura, Caruaru 1963). Ceramista popular e músico. Filho de lavradores, ainda criança começa a modelar pequenos animais com as sobras do barro usado por sua mãe na produção de utensílios domésticos, para serem vendidos na feira de Caruaru. Ele cria, na década de 1920, a banda Zabumba Vitalino, da qual é o tocador de pífano principal. Muda-se para o povoado Alto do Moura, para ficar mais próximo ao centro de Caruaru.
A artista e pesquisadora de manifestações populares brasileiras Larissa Isidoro Serradela embarca numa viagem ao Nordeste do Brasil afim de coletar registros preciosos e relatar aqui suas vivências e experiências neste caderno de bordo, o Blog.
Em sua primeira parada visita o Casa Museu Mestre Vitalino, localizada em Caruaru, (no Alto do Moura, na r. Mestre Vitalino, 281)a mesma foi tombada em 1971. Hoje é cuidada por Sr. Severino, filho do mestre que realiza o trabalho com o barro juntamente com seus 13 filhos e netos. Nela é possível entrar em contato com a casa, móveis, objetos sagrados, de decoração, utensílios domésticos que fizeram parte da vida de Mestre Vitalino e também é possível obter peças produzidas pela família Vitalino que são comercializadas.
Mestre Vitalino teve dezoito filhos com D. Joana Maria da Conceição
“Joaninha”, dos quais apenas 5 viveram a
vida adulta, ele falece em 1963 acometido por varíola. Sua vida e obra representa a pura expressão popular do cotidiano da vida de um nordestino, como ceramista permanece desconhecido do grande público até 1947, quando o desenhista e educador Augusto Rodrigues organiza no Rio de Janeiro a 1ª Exposição de Cerâmica Pernambucana, com diversas obras suas. Segue-se uma série de eventos que contribuem para torná-lo conhecido nacionalmente e são publicadas diversas reportagens sobre o artista, como a editada pelo Jornal de Letras em 1953, com textos de José Condé, e na Revista Esso, em 1959.
Mestre Vitalino
Pintando o Boi
Em seu trabalho como ceramista gerou uma tradição familiar onde seus filhos logo cedo o ajudavam na coleta do barro, da madeira para a queima e na produção de peças para a venda na feira Caruaru. Sr. Severino filho do mestre disse a Larissa que tudo começou por meio da brincadeira de produzir um "Boizinho".
Sr. Severino Vitalino filho
No livro "Vitalino Menino" de Walter Ramos; ilustração de João Lin editado no Recife pela Fundação Joaquim Nabuco em 2010, Larissa extrai um trecho que ilustra a visão do mestre quando ele disse: " Tudo o que fiz tirei da terra. O melhor de tudo aprendi na liberdade de brincar, correr, rodar pião no chão. Toda criança nasce com os mistérios da criação". P20/22.
Mestre Vitalino usava no processo de queima das peças, um
forno circular, sem chaminé feito com tijolos e
barro. É possível ver na Casa Museu o forno e como ele organizava as peças. No espaço de cima ele colocava as peças e no de baixo ele inseria a madeira para alimentação do fogo, a queima durava seis horas.
Sr. Severino sugere madeiras para a realização da queima das peças entre elas: Amburana,
Sacatinga, Catingueira, Gameleira, Baraúna e Angico.
A região do Alto do Moura em Caruaru (PE), se destaca pela
tradição do trabalho com o barro. Mestre Vitalino possuiu alguns discípulos
como: Zé Caboclo, Manuel Eudócio, Elias Francisco dos Santos, Zé Rodrigues,
Manoel Galdino e Luiz Antonio da Silva, que construíram nesta região, um
ambiente camarada composto por trocas de conhecimentos e produções coletivas.
Mas a vida destes artistas foi muito difícil em função da pouca remuneração
obtida da venda das peças que eram muito baratas e vendidas a um preço injusto
que mal dava para o sustento, com condições mínimas de conforto.
Mestre Vitalino
Violeiros , déc. 1950
cerâmica policromada
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
cerâmica policromada
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Fotografias expostas na Casa Museu Mestre Vitalino
Imagens de Padre Cícero
Larissa na coleta de informações sobre
Mestre Vitalino Vida e Obra
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